Enquanto diversos fatores econômicos seguem em estabilização no mundo depois das vertiginosas quedas durante as crises dos anos 2000, os investimentos de fundos de private equity continuam em tendência de alta lenta e constante. Os investimentos de venture capital, por exemplo, tiveram um aumento nos Estados Unidos de 15,59 bilhões de dólares em 2002 para 71,94 bilhões de dólares em 2017.
Geralmente, estes investimentos são feitos em startups ou empresas jovens e inovadoras, mas empresas maiores e mais robustas também seguem sendo alvo de interesse dos investidores. Nestes casos, é mais comum que investidores especializados estejam interessados em prover investimentos com capital para crescimento (growth) ou aquisição (buyout).
Growth x Venture Capital x Buyout x Special Situations
De forma simples, as diferenças entre growth e buyout estão evidentes já no nome.
Os investimentos de growth tipicamente são utilizados para fomentar o crescimento de uma empresa em mercado de alto potencial, normalmente sendo uma boa parte do investimento do tipo cash-in (quando o investidor coloca dinheiro na empresa e não no bolso dos sócios) e não se comprando o controle. É o capital que entra como gasolina para escalar um processo sólido e maduro, dando sustentação para que diretores e sócios expandam o negócio. Na maior parte dos casos o retorno é vislumbrado numa futura venda de ações ou IPO, mas também pode ocorrer através de dividendos preferenciais ou formatos alternativos.
“Tá mas isso não é venture capital?” É fácil confundir os dois. A principal diferença é que growth capital é o investimento em processos mais maduros e, de preferência, já geradores de caixa (ou com um caminho muito claro para isso), enquanto que o venture capital não se preocupa com a geração de caixa e sim com a escalabilidade e a tração/crescimento (tanto é que na maioria das vezes os valuations de startups são ponderados por múltiplo de receita e não de EBITDA). Fundos de venture capital chegam a investir em empresas sem faturamento mas com grande potencial de escala.
O capital buyout, por sua vez, normalmente está envolvido em ações de compra e tomada de controle de uma empresa. Os investidores, ou entidades representadas por um fundo de private equity, adquirem o comando de uma empresa através da compra do controle majoritário de suas ações. É comum que o uso do capital de aquisição seja acompanhado de uma profunda reorganização e reposicionamento da empresa, visando torná-la mais lucrativa. A reestruturação pode incluir, entre outras ações, o corte de gastos, o aperfeiçoamento de processos e até a venda ou dissolução de uma ou mais partes da organização que apresentem prejuízo. O objetivo dos investidores costuma ser valorizar as ações da companhia, visando o lucro na venda das mesmas quando a empresa apresente melhora significativa na performance ou vá a público em um IPO.
“Tá mas qual a diferença entre buyout e special situations/distressed assets?” O buyout geralmente acontece em uma empresa que pode melhorar se mudanças de gestão forem feitas, mas não é um ativo estressado. Ativos estressados são muito arriscados, demandam um olhar diferente e uma construção de operação muito customizada, nem sempre acontece por meio de equity (os passivos ocultos podem ser muito grandes e difíceis de identificar por meio de auditoria). Para mitigação de riscos podem ser usados artifícios como dívida, sale leaseback, compra de carteira de clientes, compra de ativo imobilizado, entre outros.
Qual é a melhor opção?
Cada um tem a sua particularidade, o que é bom pra um não é bom para todos.
O growth capital é ideal para aquela empresa com bom corpo diretivo e que precisa de recursos para ganhar espaço num mercado consolidado. Para quem investe, o capital de crescimento alocado em uma empresa com grande potencial pode ser muito recompensador. Entretanto, uma vez que o controle não está em suas mãos, a maioria dos investidores opta por minimizar a quantidade de growth em seus portfólios.
Nos EUA existe private equities dedicados a growth, mas diversas firmas de buyout e venture capital também fazem. Family offices, fundos mútuos e até multimercados entraram nessa indústria em busca de bons retornos num mundo de baixa taxa de juros. No entanto, se você perguntar para um americano quais os private equities mais reconhecidos em growth ele provavelmente citaria TA Associates, Summit Partners, JMI Equity, Technology Crossover Ventures (TCV) e General Atlantic.
O venture capital é voltado a empresas inovadoras, com novas propostas de valor e com capacidade de crescimento exponencial em mercados muito grandes, mas não necessariamente com um norte de geração de caixa (ex. Uber, WeWork, etc).
Os VCs mais renomados incluem empresas como Andreessen Horowitz, Kaszek, Monashees, Softbank, entre outros.
O buyout capital também pode ser muito bom para um negócio, ainda que os proprietários e principais acionistas devam abrir mão do controle ou mesmo se desvincular totalmente da empresa durante o processo. O motivo fundamental para a transferência pode variar de negócio para negócio, contudo ela costuma acontecer quando a empresa chega num ponto em que necessita mudanças radicais para seguir em frente. Para que mudanças radicais sejam conduzidas é muito arriscado não se ter o controle (seres humanos são seres humanos, o controlador pode mudar de opinião a qualquer momento). O investimento buyout muitas vezes pode ser a chave para salvar uma marca e os tantos empregos que estão ligados a ela, por exemplo. Para quem investe, aquisições podem significar tanto retornos significativos quanto perdas significativas, o que costuma limitar o número de iniciativas simultâneas deste tipo por parte de investidores e fundos.
Buyout é o tipo mais clássico de private equity e as principais firmas incluem nomes como Carlyle, Blackstone, KKR, TPG, Advent, Warburg Pincus, entre outros.
Entender os diferentes tipos de investimentos utilizados por fundos de private equity é apenas um dos passos que as empresas podem tomar se elas desejam atrair esses investidores.
Empresas interessadas podem necessitar primeiro “arrumar a casa” e checar alguns processos internos antes de encontrar os investidores certos, em especial àquelas que buscam capital de crescimento como um caminho para o sucesso.
Referência: Securedocs